PARCERIA ENTRE CPT E CEAGRO INICIA OS TRABALHOS PARA CONSTRUÇÃO DE GRUPOS DE REFERÊNCIA EM SAF’S NO MATO GROSSO DO SUL

Com o objetivo de construir Grupos de Referência em Sistemas Agroflorestais (SAF’s), no Assentamento Nazareth, Município de Sidrolândia/MS, o CEAGRO em conjunto com a Comissão Pastoral da Terra – CPT e as famílias do

Assentamento, estão facilitando processos de ensino e aprendizagem sobre SAF’s. Esse processo está sendo baseado no método desenvolvido pelo CEAGRO para a construção da Agroecologia nos Territórios da Cidadania Cantuquiriguaçu e Paraná Centro.
Neste ano de 2018 foram realizadas duas atividades no Assentamento Nazareth, uma no início de setembro e outra no final de outubro. Nelas participaram mais de 50 famílias e até o momento foram conquistadas as seguintes vitórias:
– Fortalecimento de cinco grupos de referência em SAF’s;
– Resgate e promoção dos mutirões, com ênfase nos sistemas agroflorestais, como método de ensino e aprendizagem em SAF’s;
– Implantação de 30 SAF’s com foco na soberania e segurança alimentar e nutricional das famílias;
– Criação, de forma participativa, de uma ferramenta para implantação, manejo e monitoramento dos SAF’s ;
– Sensibilização do público beneficiário do que é Agroecologia, sobretudo no que tange as principais ferramentas das dimensões técnico-produtivas, socioeconômica e política.
A parceria entre CPT e CEAGRO será de dois anos e é resultado do projeto “Tembiu Porã: Produção de Alimentos Saudáveis em ambiente de Reforma Agrária e de Retomadas de Terras Indígenas Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul”, onde a CPT é a proponente com apoio da organização alemã MISEREOR.

Audiência Pública para denunciar a precarização com a educação do campo no município de Rio Bonito do Iguaçu/PR

Por Mirian Kunrath

Foto: Jaine Amorin/CEAGRO

Na manhã do dia 28/06/2018, foi realizada uma audiência pública sediada na Câmara municipal de vereadores em Rio Bonito do Iguaçu – Pr. A audiência foi presidida pelo presidente da Câmara, o vereador Miltinho e contou com a presença do prefeito Ademir Fagundes (Gaúcho), Representante do Ministério Público o promotor Dr. Felipe, o secretário para assuntos fundiário do Estado do Paraná Hamilton Serighelli, lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra – MST, Deputado Estadual Professor Lemos, Representante da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Janete Stofel e outras autoridades. Contou com a participação de lideranças locais, diretores das escolas da rede municipal e estadual dos Assentamentos Ireno Alves e Marcos Freire, ambos do Rio Bonito do Iguaçu.

Audiência teve como objetivo denunciar e solucionar a precarização com a educação do campo, motivada pela péssima condição das estradas, precarização do transporte escolar, sendo que as linhas de transporte são suspensas em dias chuvosos pela falta de condições de trafego, resultando em uma perca de 54 dias letivos em 2017 e até a presente data  já foram 25 dias letivos do ano de 2018.

Sr. Orlando Baim, pai de estudante e morador do Assentamento. Foto: Jaine Amorin/CEAGRO

Um importante debate acerca da Educação do Campo e também sobre a infraestrutura de assentamentos da Reforma Agrária, concluindo que é urgente melhoria nas estradas. Como resultado da audiência foi encaminhado pelo representante do Ministério público afim de cumprir com o direito das crianças e adolescentes a Educação,  a organização de uma sequencia de reuniões de um corpo técnico o qual se reunirá mensalmente para buscar soluções passiveis para a resolução dos problemas.

O CEAGRO se soma nesta construção por meio do Projeto Direito das Famílias Sem Terras: das Violações a Conquista da Reforma Agrária, apoiado pelo Fundo dos Direitos Humanos, na defesa dos Assentados e Acampados do município e região.

Edição Jaine Amorin

Trabalho com Frutas Nativas da região é apresentado à Caravana Lula

Por Luis Carlos Costa

Na ultima terça-feira (27), a Caravana LULA passou pela Região Centro do Paraná visitando o município de Quedas do Iguaçu e  Laranjeiras do Sul.

O Presidente Luis Inácio LULA da Silva experimentou os sabores das Futas Nativas durante visita ao Laboratório VIVAN de Sistemas Agroflorestais da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS), campus Laranjeiras do Sul. Foram servidos sucos de Guabiroba, Jabuticaba, Uvaia e Amora Silvestre. Os sucos foram produzidos pelos Guardiões das Frutas Nativas dos Grupos Agroecológicos Palmeirinha, Terra de Todos e da Cooperativa COPERJUNHO, membros da Rede de Agroecologia da Cantuquiriguaçu.

Os sucos foram servidos por Jaine Amorin, assentada, estudante da UFFS e assessora de comunicação do CEAGRO e do MST e por Antônio Vaz, agricultor vinculado ao Grupo Terra de Todos e membro do MPA.

O sucesso dos sucos foi tamanho que em menos de 10 minutos, 20 litros de suco foram consumidos pelos membros da Caravana Lula.

Foto: Ricardo Stuckert

O trabalho desenvolvido com as frutas nativas na região foi apresentado pelo professor Julian Perez, coordenador do laboratório, e pelo mestrando Rodrigo Silva, gestor ambiental do CEAGRO, que fez a entrega de uma placa de “Guardião das Frutas Nativas” ao ex presidente Lula, como uma demonstração simbólica dos resultados conquistados com a criação da UFFS durante seu governo.

A valorização das frutas nativas e o cultivo de sistemas agroflorestais na região vem se destacando pelo trabalho realizado pelas famílias assentadas e acampadas da reforma agrária e de agricultores familiares, com assessoria do CEAGRO, UFFS e Rede Ecovida de Agroecologia.

Produção Agroecológica vem avançando na Região Centro do Paraná

Matéria também divulgada nos sites  www.midiasemterra.com.br  e  www.mst.org.br


Por: Jaine G. de Amorin

Em meio ao deserto verde de eucaliptos e pinos da Araupel, que não alimenta e nem gera renda a população, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu, região centro do Paraná vem produzindo alimentos orgânicos e gerando renda as famílias acampadas.

No acampamento, as famílias organizaram um grupo de produção agroecológica e transformam a luta pela terra em algo mais lindo e fascinante. O grupo vem crescendo e quebrando a lógica da produção de monocultura, com 36 famílias que se reúnem mensalmente para definições internas, de plantio, comercialização, mas também de forma extraordinária sempre que se faz necessário.

Nesse mês de fevereiro, o grupo completa um ano de organização, produzindo em mais de 22 alqueires certificados pela Rede Ecovida. A área foi escolhida estrategicamente para o plantio agroecológico, onde é produzida uma grande diversidade de alimentos e variedades entre as espécies, só de feijão está sendo cultivadas mais de 32 variedades, além da produção de milho, arroz, amendoim, batata, girassol, ervilha, abóbora, mandioca, hortaliças em geral, entre outros.

Para garantir a qualidade dos alimentos orgânicos e defende-los dos inimigos naturais sem prejudicar a fauna e a flora, o grupo tem uma sala especifica para o preparo de caldas orgânicas.  Essas caldas têm funções variadas, contra doenças causadas por fungos e bactérias, mas também de afastar insetos que prejudicam o desenvolvimento da planta e de seus frutos.

Foto: Comunicação/MST

O grupo também recebe um grande apoio, do Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia – CEAGRO, para assistência técnica, acompanhando desde o plantio até a comercialização dos mesmos. A assistência técnica fornecida pelo CEAGRO conta com oficinas de manejo dos plantios, preparo de caldas orgânicas e outros. O grupo também conta com o Calendário Biodinâmico, que contém as informações sobre os melhores dias para fazer o manejo das diferentes espécies cultivadas.

A comercialização dos alimentos que ainda é um grande desafio para os agricultores, atualmente é feita através de feiras, mas também já é levada pra outras regiões  para ser comercializado pelo núcleo Luta Camponesa.

Para Itacir Gonçalves, acampado e Integrante do grupo Agroecológico Produzindo Vidas, é muito importante estar organizado em grupo. “Pra mim, fazer parte desse grupo e fazer parte de uma formação técnica política a céu aberto. Pois sempre estamos aprendendo seja no plantio, nas conversas informais ou nas reuniões, pois debatemos para alem do nosso plantio, debatemos questões políticas, técnicas e também sobre como será no assentamento” completa o camponês.

O objetivo do grupo não é o lucro em dinheiro e sim o lucro que se tem quando se cuida da natureza e quando se alimentamos de forma saudável. “Queremos sempre ter uma produção agroecológica, farta e diversificada, pois sabemos que temos o compromisso de alimentar nossas famílias de forma saudável e o excedente comercializar, no entanto, a preço justo, buscando não entrar na rota mercantilista de produtos orgânicos com preços abusivos”, diz Gonçalves.

O técnico do CEAGRO, Rodrigo da Silva, destaca a importância da troca do conhecimento entre o profissional e os agricultores durante a realização das oficinas. “Usamos os princípios da agroecologia e da educação do campo para criar ambientes onde todo mundo ensina e aprende. Esse diálogo de saberes é fundamental para a valorização do conhecimento do agricultor”.

A produção agroecológica é a melhor maneira de se produzir, mas para isso é preciso romper com o sistema, assim como se rompe quando se ocupa um latifúndio. A luta por reforma agrária, também é uma luta por uma alimentação saudável.

Foto: Comunicação/MST

 

Trabalho de Assessoria de Comunicação realizado com apoio 

Curso de Especialização em Realidade Brasileira – CRB: uma construção entre a UFFS, os Movimentos Sociais do Campo e o CEAGRO pela garantia do direito à educação para a classe trabalhadora

Por Jaine G. de Amorin 
Revisão Thaile V. Lopes

A conjuntura política e econômica que estamos vivendo na atualidade evidencia uma crise estrutural do capitalismo e uma ofensiva do capital internacional sobre as economias periféricas, em busca de recursos naturais, matérias-primas, energia e mercado, com o objetivo de aplicar um programa neoliberal (subordinando a política aos interesses do capital financeiro e das empresas transnacionais). As contradições e crises do sistema capitalista afetam o mundo inteiro e, sobretudo, a América Latina. No Brasil, vivemos uma grave crise econômica, política, social e ambiental, que afeta diretamente a classe trabalhadora, tendo em vista que,para aumentar a taxa de lucro e o processo de acumulação capitalista, a burguesia aumenta a exploração dos trabalhadores, retirando direitos históricos, como a CLT, por meio de medidas como a Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência, a terceirização e as privatizações. Diante disso, é importante para a classe trabalhadora entender que se há crise, mesmo quando difícil de ser solucionada, há possibilidade de mudanças. Para tanto, é necessário construir espaços e processos permanentes de estudo e análise da história e da realidade brasileira, e, a partir daí, traçar o caminho e ações coletivas para intervir nela criticamente, a fim de transformá-la.

Nessa perspectiva, considerando a importância do acesso ao conhecimento, para entender a realidade em que vivemos e elevar o nível cultural, educacional e de consciência da classe trabalhadora, a Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, campus de Laranjeiras do Sul, por meio de uma parceria com os Movimentos Sociais do Campo (MST, MPA, MAB), APP Sindicato e o CEAGRO, construiu a proposta do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Realidade Brasileira. A especialização terá duração de 2 anos e funcionará em regime de alternância, com atividades pedagógicas e de estudo em tempo universidade e tempo comunidade. O tempo universidade possuirá três etapas presenciais (a primeira em janeiro de 2018, a segunda em julho de 2018 e a terceira em janeiro de 2019), que serão realizadas no CEAGRO, Unidade Vila Velha, em Rio Bonito do Iguaçu.

Foto: Jaine Amorin

A primeira etapa do curso iniciou na segunda-feira (22) e terá a duração de 10 dias, sendo 10 horas aulas/dia.

O ato de abertura do curso contou com a participação e falas dos professores coordenadores do curso pela UFFS, Roberto A. Finatto e Ana Cristina Hammel;do coordenador geral do Ceagro, Luis Carlos Costa; da Diretora de Campus da UFFS Laranjeiras do Sul, Janete Stoffel; bem como os representantes dos Movimentos Sociais.Todos afirmaram a importância da realização do curso, para a Universidade e para as organizações sociais que contribuem na construção do mesmo. A aula inaugural foi ministrada pela Professora Dra. Maria Orlanda Pinassi, da UNESP, que fez uma análise de conjuntura,da crise econômica e política do Neodesenvolvimentismo no Brasil.

Cumprindo com o pré-requisito do edital, a turma tem representantes de movimento sociais e organizações sindicais, sendo eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, Movimento dos Atingidos por Barragem – MAB, Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA e APP Sindicato. A turma é composta por 67 estudantes, desses, 45 receberão certificado de especialização (pós-graduação) e 22de extensão.

O MST compreende a educação como um dos direitos humanos fundamentais e como uma das suas principais bandeiras de luta, Nesse sentido, organizou 27 estudantes acampados/as ou assentados/as em áreas de reforma agrária para fazer o curso; Desses, 17 são acampados/as em áreas de conflito pela terra na região da Cantuquiriguaçu. Esses/as estudantes compreendem que  não basta apenas a conquista do direito à terra, mas que o direito a educação também é fundamental, pois o conhecimento é uma condição essencial para a luta da classe trabalhadora.

Em entrevista com Ciliana Federici (formada em pedagogia e receberá certificado de especialização), que é do Acampamento Herdeiros da Terra de I de Maio, coordenadora da Escola Itinerante Herdeiros do Saber e integrante do setor de educação do MST, a mesma destaca que esse curso vai contribuir na formação política e pedagógica dos militantes e também na construção da proposta educacional do MST, que nas palavras dela é “(…) uma proposta de educação que consiga dentro e fora da sala de aula, fazer com que os sujeitos pensem sobre a sociedade que eles estão vivendo (…)” e ainda ressalta que “o curso vem ajudar e muito na prática nossa, seja em sala de aula, na militância, ou em qualquer espaço (…), vem para que consigamos entender melhor a sociedade que estamos vivendo, e também ajudar o Movimento do qual fazemos parte, no ambiente onde convivemos, independente do setor ou coletivo que fazemos parte. O curso vem com o objetivo de interpretar a atual conjuntura, mas para além disso, compreendê-la pra tentar construir uma sociedade diferente que é o que sonhamos enquanto movimento!”

Federici ainda destaca a importância da presença de diversos movimentos sociais e sindicais, que para ela é uma grande experiência, pois cada organização tem na sua luta suas particularidades, no entanto, somos a classe trabalhadora e temos um mesmo ideal, que é a construção de uma nova sociedade. Conclui destacando a importância da UFFS ter aberto as portas para os estudantes não graduados, “aqui temos pessoas estudando que são formadas com curso superior e também tem aqueles que estão no acampamento,que são coordenadores de núcleo de base, isso é muito importante, cada um tem sua caminhada, mas todos querem adquirir o conhecimento e esta e uma grande oportunidade”.

O Professor Roberto A. Finatto, coordenador do curso, destaca que “a Especialização em Realidade Brasileira é fundamental para ampliar e aprofundar o conhecimento sobre a formação e a realidade socioespacial do Brasil” e socializa como foi a articulação da proposta de trabalho desse curso dentro da Universidade: “Foi realizado um esforço para articular a proposta de trabalhar a realidade brasileira com base em autores clássicos de diferentes disciplinas, com a disponibilidade e a formação do corpo docente do campus”. Complementa que “a oferta do curso aproxima ainda mais a universidade da realidade em que ela está inserida”.

Finatto ainda ressalta a importância dos movimentos sociais estarem presentes dentro da Universidade, desde o período de sua construção: “a presença dos movimentos sociais populares sempre foi marcante, inclusive no seu processo de constituição”.Ressalta a importância da turma ser composta por discentes que atuam em movimentos sociais e organizações sindicais. “A presença de professores das redes municipal e estadual de educação, representantes dos movimentos sociais e organizações sindicais entre os discentes amplia a abrangência das reflexões produzidas e permite que as mesmas cheguem até as escolas, comunidades e outros espaços de formação em que os estudantes do curso atuam.” Conclui Finatto.

O CRB é uma importante iniciativa que, além de possibilitar o estudo de autores clássicos brasileiros, como Florestan Fernandes, Caio Prado Júnior, Celso Furtado, dentre outros, apresenta a possibilidade de identificar as contradições da sociedade, como as forças do capital atuam em nosso país, para confrontá-las. Estamos em meio a uma crise sem precedentes na história e ainda não estão claros os caminhos e as construções possíveis. Mas teremos muitas mudanças pela frente, por isso é importante debater e a analisar quais ações devemos adotar de forma conjunta, como parte de um processo permanente de luta, estudo e análise da história e da realidade brasileira.

 

Valorizando a agroindustrialização da produção Agroecológica

A partir da distribuição de kit’s de processamento de frutas, contendo despolpadeira, seladora e embalagens, e a realização de oficinas de boas praticas na colheita e beneficiamento, realizadas pelo CEAGRO, os Grupos Agroecológicos da Rede Cantuquiriguaçu aumentaram a quantidade e diversidade de produtos Agroecológicos industrializados.
Dentro deste contexto, no dia 20 de novembro de 2017 o CEAGRO articulou a entrega de 50 quilos de pedaço de fruta congelada de guabiroba, do Grupo Agroecológico Palmeirinha. O produto foi comercializado com o empreendimento Encontro de Sabores da Cadeia Solidária das Frutas Nativas do Estado do Rio Grande do Sul, sendo entregue no município de Pato Branco/PR .
No ano de 2017, foram comercializados cerca de 500 quilos de pedaços de frutas congeladas, de goiaba, uvaia, pitanga, banana e guabiroba. O processo de valorização das frutas nativas e crioulas vêm contribuindo para o aumento da renda das famílias e promoção da biodiversidade na Rede Cantuquiriguaçu.